sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Nuno Gonçalo da Paula

Carlos Paião faria no próximo dia 1 de Novembro 51 anos. Recordo esta figura da canção portuguesa quando se completam 20 anos da sua morte (26 de Agosto de 1988) e do lançamento do último trabalho, o LP “Intervalo”, e 30 anos da vitória no festival da canção de Ílhavo (15 de Dezembro de 1978).

Existem pessoas que passam na vida do mundo e que deixam a sua marca, não pela longevidade da sua idade, mas por se destacarem dos demais, com uma espécie de marca de água, que se vê através da luz.

Um desses nomes é Carlos Paião que, embora nascido em Coimbra, foi um ilhavense de alma e coração. A sua vida de trinta anos – de um rapaz aparentemente comum – foi uma estrela cadente que passou.

Alguns tiveram o privilégio de lhe tocar com as mãos, e muitos têm o gosto de a ver no céu das suas vidas.

Que há de anormal na vida de um rapaz que o destino levou quando a vida ganha verdadeiramente fôlego e se desenha em traços largos?

Numa época em que qualquer pessoa canta, representa, e é moda ser vedeta (seja por que motivo for), este rapaz simples deixou um legado que ainda hoje é difícil compreender e explicar na soma de trinta anos de vida.

Médico de formação, autor de inspiração, cantor de talento, Carlos Paião cedo manifestou os seus dotes artísticos. Era com facilidade que jogava com as palavras, delas tirava o partido dos sons e dos seus duplos sentidos.

As suas canções (algumas centenas) percorrem vários géneros musicais, o que desde logo é notável. Autores há que se se especializam numa determinada área da criatividade e por lá ficam.
Carlos Paião, porque desprendido de tudo o que é formal, ora escrevia uma canção de humor (para Herman José ou Raul Solnado, por exemplo), ora sentimental (para Cândida Branca Flor), ora canções alegres como o “Senhor extraterrestre”, de Amália, que esteve num livro de leitura da escola, ora temas telúricos de rara beleza, e lembre-se “Eles foram tão longe” ou “Lá longe, Senhora”.

Recordado a obra deste homem, poderá ver-se nas cantigas uma técnica de estranho nome: a do “bolo de bolacha”. As suas obras são para toda a gente: para o intelectual que lê nas entrelinhas a crítica que o autor quer fazer, para os ouvidos comuns, que acham a letra muito bem feita e não raramente começam a trautear a música, e até para as crianças, que lhe acham muita graça.

As crianças foram sempre público fiel e encantado de Carlos Paião.

Muitas vezes se fala na precocidade e genialidade do músico. Nada de mais verdadeiro.

Mas há, possivelmente, naquilo que escreveu – frutos intemporais e de safra que aparecem de tempos a tempos –, raízes profundamente portuguesas.

Há nele um toque de Alberto Janes, outro tanto da música popular portuguesa, e ainda alguma coisa dos seus antepassados paternos e maternos que se apaixonaram também pela música, sendo o melhor exemplo o primo Manuel Paião.

Este autor ilhavense, conjuntamente com Eduardo Damas assinou umas boas dezenas de sucessos, como “Ó tempo volta p’ra trás”. São estas raízes que mais valorizam Carlos Paião. Muitas vezes os artistas, por força da sua intenção de se valorizarem, pretendem ser absolutamente originais.

Mas... como tudo o que nasce sem raiz acaba por flutuar no ar e é levado pelo vento.

Paião enraizou-se bem naquilo que de melhor tem a música portuguesa e a língua pátria e depois, sim, fez o seu caminho, de afirmação artística, com uma profunda originalidade, talento e generosidade.

Será dos traços mais belos do seu carácter. Nunca guardou o melhor que tinha para si mesmo, ele que também foi intérprete. Partilhou, ajudou e motivou muitos artistas portugueses, muitos deles ainda por aí, nos palcos. Tudo isto num rapaz cuja vida se suspendeu aos trinta anos.

Avesso a vaidades, simples no trato e rigoroso em tudo quanto fazia, Carlos Paião passaria neste ano de 2008 os seus cinquenta e um anos de vida, trinta anos depois da vitória no Festival da Canção de Ílhavo e vinte depois do seu LP “Intervalo”.

Foi efectivamente um intervalo, o de Carlos Paião. Os intervalos são sempre para descanso do artista, porque a segunda parte é sempre a melhor.

E a de Carlos de Paião é sem dúvida a melhor: é a da paz, do reconhecimento em pequenos e grandes, mais novos ou menos novos, do seu trabalho como artista: fresco, leve, mas sempre com mensagem e sentimento, e também como homem. Disse um dia Fernando Pessoa que “partem cedo os que os deuses amam”.

Permitam-me que diga que Carlos Paião estará junto de Deus, no Seu Tempo, certamente ensinando a querubins e serafins novas melodias de louvar a Vida, ele que a viveu na verdade e generosidade e estará de sorriso nos lábios, porque sempre amou a Vida, e contra ela nada nem ninguém pode coisa alguma (nem a morte).

Nuno Gonçalo da Paula, 2008

(também publicado no Correio do Vouga e Notícias de Setúbal)

Nuno Gonçalo da Paula prepara actualmente um trabalho sobre Carlos Paião, no 30.º aniversário da sua vitória no Festival da Canção de Ílhavo e 20 anos após a sua morte. (Correio do Vouga, 26 de Agosto de 2008)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Herman José




Canção do Beijinho/Eu Não Sei de Ti, Eu Não Sei de Ti - Herman José (Single, Polygram, 1980)

Canção do Beijinho - Herman José (LP, 1980) - com os dois temas do single e "Não Descalces os Sapatos"

Bailarico/Apaixonado - Herman José (Single, Polygram, 1981) 2063070

Falta d'Ar - Herman José (lado b do Single "Tôfartudeti", Polygram, 1981) 2063079

Notas:
Herman José participou no Festival da Canção de Slanchev Briag, na Bulgária, com "Apaixonado".
Há ainda a acrescentar os discos de Serafim Saudade, o single "Bamos Lá Cambada" de Estebes (1986) e as canções do "Show do Esteves" pertencente ao programa "Humor de Perdição".

sábado, 10 de janeiro de 2009

Joel Branco


A Gente Cresce, Cresce.../Sete e Meia, Sete e Meia - Joel Branco (Single, EMI, 1980)
É Tão Giro/Volta A Volta - Joel Branco (Single, EMI, 1981)
Ora Toma!/ O Homem Que Morreu Por Falta De Assunto - Joel Branco (Single, EMI, 1982)
Nós Havemos de Cantar/Canta Samanta - Joel Branco (Single, EMI, 1983)
Uma Árvore, Um Amigo/Piquenique - Joel Branco (Single, Movieplay, 1984)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Algarismos

Algarismos (LP, EMI, 1982) 

Lado A

0. Zero a zero 1. Miquelino I 2. Os Namorados 3. Não há duas sem três 4. Quatro maços (É só tabaco) 

Lado B

5. Canção dos cinco dedos 6. Meia-dúzia 7. Refilar faz mal à vesícula mais o diabo a sete 8. Feito num oito 9. ...Noves fora (E acabamento - 7184250639)


Curiosidades

- No disco aparece um comentário sobre cada um dos temas.




- Foi editado um single com os temas "Zero A Zero" e "Meia-dúzia".

- O tema "Os namorados" apareceu mais tarde no lado b do single "Versos de amor".

- Na compilação "Letra e Música" apenas aparecem 7 dos 10 temas do disco. Não foram incluídos "Miquelino I", "Feito Num Oito" e "Noves Fora"(E acabamento - 7184250639).

- "Miquelino I" e Feiro Num Oito" apareceram apenas numa compilação da coleção caravelas (2005).

- "... Noves Fora" apareceu em 1996 na compilação "Pó De Arroz"da colecção Caravela.