domingo, 28 de agosto de 2022

Perpétua


O E.P "Muito Mais", com canções de Carlos Paião, já pode ser ouvido no Spotify desde Julho de 2022


Foi a 26 de agosto de 1988 que Carlos Paião partiu. Nenhum de nós era vivo. Nascemos todos nos anos 90. Foi na nossa infância que Carlos Paião nasceu em nós. 

Crescemos com a "Cinderela" (ai os amores de infância!), brincámos 'aos músicos' com a Playback e a "Pó de Arroz" fez-nos sonhar incessantemente com os contos de fada. 

Em 2021, ano de estreia do nosso "Esperar Pra Ver", fomos surpreendidos pelo Município de Ílhavo com o convite para participar neste "Em Playback". Depois do primeiro telefonema fomos logo para as plataformas escutar com atenção a discografia de Carlos Paião. Tínhamos algumas opções mas a "Muito Mais" e a "Eu Não Sou Poeta", por alguma razão, agradaram a todos, sem exceção. 

Começámos a trabalhar nestas duas canções e apresentámos o resultado final nesta bonita homenagem que Ílhavo organizou e onde participaram muitos músicos do nosso concelho. 

Achámos que não podia ficar por aqui. Fomos novamente convidados para participar na inauguração da estátua de Carlos Paião, onde pudemos tocar estas duas músicas e as três que fizeram parte do nosso imaginário infantil. 

Carlos Paião passou a fazer parte do nosso ADN. Temos pelo Carlos (perdoa-nos Carlos, tratar-te pelo primeiro nome, mas sentimo-nos amigos) um grande amor. 

É por isso que o dia 26 de agosto marca a partida do Carlos mas não é o dia que marca a morte dele. O Carlos está vivo e queremos ajudar a perpetuá-lo.

"Muito Mais" vai contar com cinco versões do nosso Carlos Paião. Vai estar disponível em vinil, numa edição muito limitada, graças ao Município de Ílhavo.

Obrigado, Carlos. Obrigado por tudo. Obrigado pela herança que nos deixaste. Esperamos que gostes. 

Não podemos deixar de agradecer a todos os que tornaram isto possível: Município de Ílhavo, 23 Milhas - Ílhavo, Ílhavo Ativa-te Hugo Pequeno, Fátima Teles, Vanessa Marieiro, Haff Delta, Wakai Studios, entre muitos outros

Estamos felizes

Perpétua, 26/08/2021

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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Texto de Júlio Isidro

UM TRISTE SOUVENIR 

Mais uma Febre de Sábado de manhã. Hoje vai haver consulta em palco.

O cinema Nimas a abarrotar. O apresentador, o ainda jovem Júlio Isidro, apresenta em estreia um jovem compositor e intérprete de seu nome Carlos Paião.

E não é que entra em cena, um médico, bata branca, estetoscópio ao pescoço? 

Não há emergência, o pessoal está todo de saúde, nem um chilique de uma jovem acalorada com a febre.

Nada disso, o médico mesmo médico, vem cantar. 

E cantou "Souvenir de Portugal", o pessoal achou graça aplaudiu, e o dótor fechou com "Eu não sou poeta". Mas era, porque a poesia estava-lhe na massa do sangue.

Uma breve entrevista e estava lançado no éter da rádio o Carlos que cantou em directo no Festival de 81, um "Play back" que a Eurovisão não percebeu o humor que tinha dentro. Percebemos nós, e ainda hoje tanta gente canta em play back.

Os encontros com o Júlio em televisão ou na rádio foram frequentes. Quando levou o "Pó de Arroz" ao Passeio dos Alegres ou quando estreou "A cegonha" rodeado de crianças.

Ou quando lhe fez umas quadras em directo invocando a popularidade do programa e, a evidência nasal do apresentador.

O "Vinho do Porto, vinho de Portugal" surgiu muito antes desta onda de turismo. Com esta canção o Carlos teria hoje o seu nome ligado às caves "Charles Pay on , special Port wine"

O Herman continua  eternamente agradecido ao Carlos porque nem todos mandam  "Beijinhos" numa canção.

E o Serafim Saudade ainda tenta  ajudar a cambada a ganhar campeonatos, o da Europa que foi um sonho que vive no Éder. Quanto ao  Mundial a cambada tem que ouvir as tácticas do José Estebes que bem poderia ser adjunto do sinhor inginheiro.

Com uma "Cinderela" à procura de sapatinho, o príncipe tímido, meteu-se num "Foguete" e foi de viagem televisiva na companhia do António Sala, outro grande amigo do Paião.

E agora vou-me embora depois deste exercício de memória, porque a Amália convidou-me  para um chazinho.

Quer-me apresentar um "Senhor extra-terrestre" e  não vou perder a oportunidade de a ouvir cantar. Uma gracinha musical da Diva, escrita pelo Carlos e que estreou no Passeio dos Alegres num retorno da nossa maior depois de um “exílio” motivado por… este despeito, esta inveja, este veneno, que corre  na massa do sangue de tantos , nas redes anti-sociais.

Passaram 32 anos sobre a noite em que a música morreu, assim como escreveu Don McLean na canção “American Pie”, homenagem ao acidente aéreo que levou três pioneiros do rock ,Buddy Holly, Ritchie Valens, e JP Richardson o Big Bopper, em 1959.

Ainda ninguém escreveu uma canção ao Carlos que em tão pouco tempo, nos deixou tanto.

Até sempre amigo. Siga a vida com a "Marcha do Pião das Nicas".

No final de Agosto de  1988, caiu a noite da nossa saudade e hoje, mesmo em tempo de seca, as nuvens vão chorar.

Júlio Isidro, Facebook, 26/08/2022