terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Amália Rodrigues

Dois dos vários temas seleccionados por Amália foram incluídos no máxi-single "O Senhor Extraterrestre" de 1982.

Nomes como Mário Martins ou Henrique Feist destacaram também o tema "O Nosso Povo" que agora pode ser ouvido no youtube.

tema da autoria de Carlos Paião

O Nosso Povo - Youtube 

Histórias de um homem-menino

Foi numa altura em que Amália Rodrigues andava “meio adoentada” que o produtor Mário Martins lhe ligou a dizer que tinha consigo uma cassete de “um miúdo muito bom” para ela ouvir. “Nesse dia cheguei a casa da Amália às sete da tarde. Recordo-me dela me ter dito que não estava com grande disposição e que queria deitar-se. Eu insisti, pus a cassete a tocar e às duas da manhã ela ainda ria às gargalhadas.” O miúdo chamava-se Carlos Paião e durante oito anos escreveu e deu a gravar mais de 80 canções para os mais variados artistas. Com a mesma facilidade tanto escrevia num dia para Lenita Gentil como no outro para a personagem de ‘José Estebes’.

Para Amália Rodrigues escreveu algumas canções, mas só ‘O Senhor Extraterrestre’ e ‘O Amigo Brasileiro’ foram a ser gravadas. Das 37 maquetas que um dia escolheu para si, a diva do fado ainda se sentiu tentada a dar voz à canção ‘É Fadista’, mas teve receio de chocar o meio mais purista já que o tema era uma paródia aos fadistas. O produtor de Paião recorda, a propósito, as palavras de Amália: “Ó Mário, afinal, é melhor não gravar!”

PROJECTOS INACABADOS

Foi já depois de ter escrito a famosa ‘‘canção’’ do beijinho para Herman José e de ter editado o seu primeiro single, ‘Souvenir de Portugal’, que, em 1981, Paião venceu o Festival RTP da Canção com ‘Play-Back’, quando todos esperavam uma vitória das Doce e de ‘Ali Babá’. Já lá vão 25 nos. Depois disso partiu para uma das mais notáveis carreiras da música ligeira portuguesa, só interrompida por um trágico acidente no dia 26 de Agosto de 1988.

Diz-se que terá escrito mais de 500 canções (só as tais 80 foram gravadas), mas mais do aquilo que fez, os que o recordam com saudade gostam de falar daquilo que Paião poderia ter feito. “Eu tinha para ele um projecto para fazer uma obra rock e um musical a partir de clássicos da literatura. Para Paião, todos os projectos eram bem-vindos, mas a partir de determinada altura ele deixou de ter tempo.”

MUITO PARA DAR

Escrevia depressa e bem. Do fado à canção infantil, da balada de amor à composição burlesca escreveu de tudo para todos. Joel Branco, o primeiro artista a gravar um tema de Paião, recorda o dia em que lhe bateu à porta e encomendou um tema a atirar para o rap. “Mandou-me entrar, deu duas voltas ao piano e em 15 minutos fez a música e a letra”. O tema chamava--se ‘Ora Toma’. Para David Ferreira, director-geral da sua editora, a Emi-Valentim de Carvalho, “o Carlos teve o azar de viver quando o Teatro de Revista estava decadente: sabia trabalhar sob pressão e teria escrito muitos mais clássicos se tem vivido noutro tempo e se tem vivido mais tempo”.

Carlos Manuel de Marques Paião nasceu em Coimbra em 1957. Do seu percurso profissional não consta qualquer nota de música até 1980, ano em que troca, em definitivo, a licenciatura em Medicina pela escola da canção. A partir daí, dedica-se a uma panóplia de actividades várias sob o mesmo denominador comum: a música.

A estreia aconteceu em 1978, no Festival de Ílhavo, de onde regressou a casa com dois prémios, nomeadamente o de melhor intérprete. Em 1980, os assessores directos de Mário Martins, o homem que descobriu e catapultou a carreira de Carlos Paião, ouviram uma cassete do músico e por incrível que pareça não gostaram. “Disseram-me que ele não tinha jeito para nada”, recorda o produtor. Só não saiu um puxão de orelhas, porque depressa as evidências se encarregaram de falar por si. Foi quando o ‘Play-Back’ ganhou o Festival e Carlos Paião iniciou uma carreira sem precedentes.

Se primeiro escreveu, depois decidiu cantar. “Ele não tinha aquilo a que se pudesse chamar uma grande voz. Mas aprendeu a tirar partido dela”, comenta Joel Branco, que guardará para sempre na memória a forma como o músico tentava sempre arranjar trabalho para os seus colegas de profissão. “Quando ia a uma festa a uma terreola, perguntava sempre se já lá tinha ido fulano tal e depois deixava os nossos contactos pessoais. Eu recordo-me que tive vários espectáculos arranjados por ele.”

O FINAL TRÁGICO

Carlos Paião desapareceu num trágico acidente de viação, aos 31 anos, ironicamente esmagado pela aparelhagem e pelas colunas de som que transportava no carro, um dia depois do não menos trágico incêndio do Chiado. “Uns dias antes tínhamos estado, curiosamente, a falar dos perigos na estrada”, recorda Herman José. “A sua morte foi violenta, como a de um familiar.”

Em vida, mais do que colaboradores, Carlos Paião fez amigos. Alexandra, Pedro Couceiro, José da Câmara, Dulce Guimarães, Vasco Rafael, Nuno da Câmara Pereira, Amália Rodrigues, Carlos Quintas... a lista é quase infindável. As memórias de hoje são as de um homem-menino que gostava de rir e fazer rir. “Lembro-me dele ao telefone, em chinelos. Atirava-os ao ar e ia a correr apanhá-los, como um miúdo”, conta Ana.

Mário Martins recorda o dia em que os dois foram ao Japão. “Tocámos num dos maiores festivais do Mundo. Durante os ensaios, vimos a apresentadora, uma chinesa enorme. Carlos chamou-me e perguntou-me: Sabes como é que ela se chama?: ‘Kusuda!’”

PORQUE REFILAR FAZIA MAL À VESÍCULA

Todos são unânimes. Carlos Paião sabia como ninguém brincar com as palavras. Humor, humor e humor. Para si, rir era o melhor remédio e era essa a mensagem que fazia passar a todos, mesmo para quem não soubesse cantar ou sequer assobiar. O mais recente disco lançado pela EMI Portugal é disso um bom exemplo. Para ouvir estão alguns dos maiores sucessos do compositor interpretados por algumas das vozes que os imortalizaram, da ‘Canção do Beijinho’, de Herman José, ao ‘Quanto Mais Te Bato’, de Ana, passando por ‘O Fado é Fixe’, de Vasco Rafael.

Para quem muitas vezes disse que Carlos Paião estava à frente do seu tempo, qualquer uma das suas canções é prova bastante. Escutem-se por exemplo ‘Trocas e Baldrocas’, ‘Refilar Faz Mal à Vesícula, Mais o Diabo a Sete’, ‘Estou Velho’, ‘Fado Reguila’ ou ‘Ai que Pena’. Finalmente ‘Cinderela’, ‘Play-Back’ (que o levou ao Festival da Eurovisão, em Dublin, em plena lua-de-mel), (...), e ainda ‘Bamos Lá Cambada’ que andaria na boca de todos. “Uma sexta-feira pedimos ao Carlos um hino não oficial para a participação portuguesa no México’86 e na segunda-feira seguinte ele apareceu com o ‘Bamos lá Cambada’, que é talvez o melhor que já tivemos no nosso futebol”, recorda David Ferreira.

AS MEMÓRIAS QUE OS AMIGOS GUARDAM DELE

“ERA UM MIÚDO COMO EU" (Herman José)

“Recordo as tardes de trabalho em casa do Carlos. Passávamos o tempo a rir e levávamos raspanetes da mulher porque estragávamos a alcatifa e os móveis. Ele tinha uma cadela que ficava histérica com as nossas brincadeiras. Era um miúdo como eu”, lembra Herman José. Paião escreveu várias canções para o humorista, 12 das quais só para o personagem Serafim Saudade. O compositor chegou a participar no ‘Humor de Perdição’, a fazer de médico, profissão que nunca exerceu.

“TINHA-LHE PEDIDO UM FADO” (Ana)

Ele era “único talentoso e genial”. Ana insiste nos adjectivos para caracterizar a obra de Carlos Paião. “Ele fazia música popular sem ser brejeiro e era entendido por todos.” A morte impediu-o de fazer mais. A cantora recebeu a notícia a caminho de um espectáculo. “Foi a noite mais difícil da minha vida. Uns dias antes tinha-lhe pedido um fado.” Ana foi a primeira cantora feminina a gravar um tema de Paião. Ficou amiga de família. “Ainda hoje, a mulher dele continua a ser a minha médica.”

“SENTIA QUE IA DESAPARECER” (José Alberto Reis)

Foi com a canção ‘Palavras Cruzadas’ que José Alberto Reis participou no Festival RTP da Canção em 1989, “já a título póstumo”, recorda. A canção, curiosamente, nunca viria a ser gravada. “Conheci o Carlos Paião no Casino da Póvoa do Varzim. Foi um ano antes dele falecer. Voltámos a encontrar-nos numa discoteca no Porto e recordo-me que ficámos à conversa até de manhã”, conta o cantor. “Numa das últimas conversas que tivemos disse-me que sentia que ia desaparecer.”

“LEVAVA SEMPRE OS PAIS” (Nuno da Câmara Pereira)

“O Carlos Paião era um génio e morreu cedo como todos os grandes compositores e escritores.” Para Nuno da Câmara Pereira as memórias ainda estão muito vivas. “Recordo o facto curioso dele levar quase sempre os pais para os espectáculos.” O primeiro contacto aconteceu na EMI-Valentim de Carvalho, editora que partilhavam. Nuno da Câmara Pereira gravou três temas de Paião, mas destaca toda a obra. “Ele sabia transformar uma imagem poética numa imagem real.”

Miguel Azevedo / Correio da Manhã, 25/11/2006

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Lenita Gentil

Eles Foram Tão Longe/Pesadelo (Single, Rádio Triunfo, 1982)

"Eles Foram Tão Longe" é um dos temas mais marcantes da carreira de Lenita Gentil. O single contém dois temas de Carlos Paião que também assinou a produção.

Carlos Paião escreveu também o tema "Portugal A Pena".

Eles Foram Tão Longe
Pesadelo
Portugal A Pena

imagem do single (O Cantinho das Colecções)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Rodrigo

Parece que é Bruxo - Rodrigo (Single, Rádio Triunfo, 1983)

(LP, Polygram, 1986) Salada de Alface

Parece que é Bruxo
Salada de Alface

(ambos os temas são da autoria de Carlos Paião e António Tavares Teles)

imagem

Nota: na Biografia de NGP refere-se um tema não encontrado de Rodrigo ("Alfacinha")

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Entrevista a Nuno Gonçalo da Paula

"Carlos Paião é uma figura muito querida"

O aveirense Nuno Gonçalo da Paula, não se assume como escritor, mas já tem dois livros publicados, o primeiro sobre o compositor Nóbrega e Sousa (Aveiro, 1913 – Lisboa, 2001), o segundo, “Intervalo”, sobre Carlos Paião. O músico de Ílhavo mostra que “mais vale um caminho difícil mas de acordo com os nossos princípios e real valor do que andar ao sabor do vento e das modas”, afirma o biógrafo.

CORREIO DO VOUGA - No dia 5 de Novembro foi lançado em Lisboa “Intervalo”, a biografia de Carlos Paião (1957-1988). Como tem sido a recepção desta obra?

NUNO GONÇALO DA PAULA - Tem sido bastante positiva, quer da parte do público quer da comunicação social. Carlos Paião é uma figura muito querida. Há uma empatia com o seu nome e a sua memória por parte de toda a gente, e grande audiência aos programas de televisão onde o livro foi pré-lançado com a presença de familiares, amigos e colegas de Carlos Paião e de mim próprio, que ajudam a aguçar a curiosidade do público em relação à obra.

CDV - Porque decidiu escrever sobre Carlos Paião?

NGP - Da música portuguesa dos anos oitenta, apenas duas personalidades me chamaram fortemente à atenção: António Variações e Carlos Paião. O primeiro, mais até do que fenómeno musical, será um fenómeno estético e de mutação de mentalidades. Já Carlos Paião é nitidamente um caso musical, de grande qualidade e excelência na ligação que faz com a música e a palavra, e também entre a música ligeira portuguesa e a nova música. Pela admiração que tenho pelo artista e pelo respeito que nutro pelo lado humano de Carlos Paião, pensei em investigar a sua obra e traçar os aspectos mais importantes da sua vida.

CDV - O seu trabalho conta com depoimentos de muitas personalidades, principalmente ligadas à música, porque Carlos Paião era, como disse, querido no mundo do espectáculo?

NGP - Muitíssimo, mas não só na música. Tive o privilégio de ver o livro prefaciado pela Dr.ª Maria Barroso, sugerido pelo Professor Marcelo Rebelo de Sousa e apresentado pelo jornalista Joaquim Letria. Mas, de facto, na música, era muito querido por muitos, desde a Amália Rodrigues, passando por Herman José, a Florbela Queiroz, Raul Solnado, Nicolau Breyner... Tanta gente... Sobretudo há o lado humano e solidário que ressalta em todos eles e a admiração por um colega que, em dez anos de actividade profissional, escreveu belíssimas canções, interpretadas por si, e também muitas outras espalhadas por vários artistas com generosidade e atenção em dar a canção que poderia valorizar a voz de cada um.

CDV - Quando se escreve a biografia de alguém, por vezes os biógrafos tornam-se íntimos dos biografados, mesmo que os separe muito tempo. Isso aconteceu consigo?

NGP - Há uma fácil identificação com Carlos Paião. Ele morreu com mais três anos de vida à idade que tenho hoje, o que evidencia ainda mais admiração por ele. Em muitas ocasiões tracei um paralelo com as suas inquietações e lutas sem sucesso à vista. Principalmente fez solidificar a ideia de que mais vale um caminho difícil mas de acordo com os nossos princípios e real valor do que andar ao sabor do vento e das modas.

CDV - Do que gostou mais de descobrir?

NGP - Quando me desloquei a casa da viúva de Carlos Paião, pedi para que ela me mostrasse alguns manuscritos, que sabia existirem, com as letras das canções que ele foi escrevendo. Fui surpreendido ao ver uma gaveta enorme repleta de papéis escritos à mão e dactilografados. Carlos Paião tinha sobretudo as suas canções na cabeça e sempre a fervilhar na ideia frases e compassos, daí a facilidade em compor. O aparentemente fácil pressupõe um árduo trabalho interior. Deparei-me então com essa gaveta, e alguns dos poemas que lá encontrei estão reproduzidos “fac-simile” no livro. Nesse aspecto, chamo a atenção para alguns inéditos que apresento, particularmente um que Amália gravou e ainda hoje a Valentim de Carvalho espantosamente conserva sem publicitar.

CDV - Qual a maior dificuldade na investigação da vida deste cantor?

NGP - Não tive dificuldades de maior. Se pensar que no livro anterior, tive as décadas de 1930 e 1940 com três ou quatro notícias, e a vida artística de Carlos Paião concentra-se em dez anos, muito bem documentados com dezenas de entrevistas que foi concedendo e artigos vários, tive bastante sorte. A dificuldade, mas também o fascínio, foi recolher toda a discografia dele, quer em nome próprio quer como autor. Faltam-me três discos para a completar. Quem sabe um dia...

CDV - Escreveu uma biografia de Nóbrega e Sousa, “Música no Coração”, e agora esta sobre Carlos Paião. Assume-se como biógrafo de cantores?

NGP - Nem escritor me assumo... Fernando Pessoa publicou um livro em vida, eu já publiquei dois, portanto, nem iria pela parte do ser biógrafo ou escritor, não serei nada disso. Apenas me proponho a contar a vida de pessoas que admiro com o máximo de rigor e pesquisa, querendo suscitar o interesse de quem possa ler e também chamar à atenção para alguns aspectos até então pouco referidos nas suas carreiras.

CDV - Tem resultados da venda da biografia de Nóbrega e Sousa? E de “Intervalo”?

NGP - Sim. A de Nóbrega e Sousa tem a primeira edição quase esgotada. Quanto a “Intervalo”, pela reacção que me chega de várias pessoas que compraram o livro e o ofereceram, também me parece que as vendas se encaminham bem. Porém, a cultura é sempre a primeira a sofrer quando há cortes a fazer na bolsa das pessoas, embora estes livros estejam, creio eu, a preços acessíveis, dezasseis e dezoito euros.

CDV - Tem algum projecto em carteira?

NGP - Gostava de fazer outros trabalhos, não só ao nível da música mas também de personalidades fora dela. Será uma questão de tempo, de disponibilidade e interesse dos familiares dos biografados e de sorte.

Entrevista conduzida por Jorge Pires Ferreira


Correio do Vouga, 16/11/2011

Na obra, Nuno Gonçalo da Paula apresenta testemunhos de personalidades que contactaram com o artista, como António Pinto Basto, António Sala, Carlos Castro, David Ferreira, Dulce Guimarães, Eládio Clímaco, Florbela Queiroz, Herman José, Joaquim Letria, Maria de Lourdes Resende, Mário Zambujal, Mísia, Nuno Artur Silva, Paulo de Carvalho, Rámon Galarza, Raul Solnado, Rodrigo ou Tonicha, entre outros. São ainda apresentadas diversas fotografias do espólio particular dos pais e da mulher ou imagens e textos inéditos. (DA)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Candida Branca Flôr




Trocas Baldrocas/A Prima da Pantera Cor de Rosa - Cândida Branca Flor - (Singles, Nova, 1982)

Gira-Discos/A Nossa Serenata - Cândida Branca Flor - (Single, CBS, 1982)

Vinho do Porto (Vinho de Portugal) (Single, EMI, 1983)

Cristo-Rei/Domingos de Sol (Single, CBS, 1983)

Colaborou ainda na recolha e produção dos discos "As Cantigas da Minha Escola" e "Cantigas da Nossa Terra".

Carlos Paião interpretou em dueto o tema "Vinho do Porto (Vinho de Portugal)"

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No fim dos anos 70, Emanuel Rosado e Cândida encontram Carlos Paião numa festa. Entre os que povoaram e marcaram a vida de Cândida, poucos tiveram o peso de Paião, que compôs propositadamente para ela. "O Paião era uma pessoa muito generosa, uma humildade e uma simplicidade ímpares", afirma o ex-marido.

Em 1979, Cândida concorre ao Festival da Canção com "Trocas e Baldrocas", de Paião e em 1982, volta à carga com quatro temas o autor. "Eu pedia-lhe coisas simples, 'orelhudas' e ele fazia", recorda Emanuel Rosado. Em 1983, concorre novamente e canta com Paião o tema "Vinho do Porto".

Em meados dos anos 80, o casal começa a sonhar em aplicar o dinheiro ganho, primeiro num terreno onde construiriam vivendas geminadas com Paião, depois na Casa do Painho, nas Caldas da Rainha, que adquirem em 1986.

O ritmo intenso de trabalho provoca os primeiros desgastes. Em 1988, com 31 anos, Paião falece num absurdo desastre na estrada, a caminho de um espectáculo, o que afecta bastante Cândida. A relação desgasta-se, a falta de filhos parece contribuir.

Extracto do artigo "A Vida de Cândida Branca Flor" Por NUNO FERREIRA / Público, 23/07/2001

(...) falamos agora do seu mais recente trabalho discográfico, "As Cantigas da Minha Escola", um álbum feito a pensar nas crianças. Trata-se de um conjunto de cantigas que todos costumávamos cantar, avós e pais, e que os nossos filhos continuarão a cantar. Fizemos uma recolha muito cuidadosa nos infantários, eu e o Carlos Paião. No fundo, é uma rapsódia, com um refrão que serve de elo de ligação entre as várias canções.

Que se preparem, portanto, miúdos e graúdos, porque vamos ter ai na «berra» o "Atirei o Pau ao Gato" e o "Jardim da Celeste", para lembrar tempos de infância e ajudar os mais novos a criar uma memória musical.

Entrevista de Maria João Lourenço TV Guia - Dezembro 1985

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Nuno da Câmara Pereira


Não Me Cantes Esse Fado - Nuno da Câmara Pereira (Nuno da Câmara Pereira - EMI, 1985)
Estou Velho - Nuno da Câmara Pereira (Mar Português - EMI, 1986)

(A) Marcha do Castelo - Nuno da Câmara Pereira (Atlântico - EMI, 1992)

http://fadosdofado.blogspot.com/2009/01/marcha-do-castelo.html

sobre este inédito:

"É um tema que eu andava a preparar há 4 anos e que ele me ofereceu ainda em vida"

Nuno Câmara Pereira, TV Guia, 1998

Em 1984, enquanto autor, o seu tema “Marcha do Castelo” ficou em 3.º lugar no concurso das Marchas Populares de Lisboa (livro de NGP)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vinho do Porto


imagem: http://cronicasdeeurofestivais.blogspot.com/2011/09/terulias-eurovisivas-quarta-capa.html

Primeiro a serra semeada terra a terra
Nas vertentes da promessa
Nas vertentes da promessa
Depois o verde que se ganha ou que se perde
Quando a chuva cai depressa
Quando a chuva cai depressa

E nasce o fruto quantas vezes diminuto
Como as uvas da alegria
Como as uvas da alegria
E na vindima vão as cestas até cima
Com o pão de cada dia
Com o pão de cada dia

Suor do rosto pra pisar e ver o mosto
Nos lagares do bom caminho
Nos lagares do bom caminho
Assim cuidado faz-se o sonho e fermentado
Generoso como o vinho
Generoso como o vinho

E pelo rio vai dourado o nosso brio
Nos rabelos duma vida
Nos rabelos duma vida
E para o mundo vão garrafas cá do fundo
De uma gente envaidecida
De uma gente envaidecida

Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o nosso mar

Vinho do Porto
Vinho de Portugal
E vai à nossa
À nossa beira mar
À beira Porto
À vinho Porto mar
Há-de haver Porto
Para o desconforto
Para o que anda torto
Neste navegar


Por isso há festa não há gente como esta
Quando a vida nos empresta uns foguetes de ilusão
Vem a fanfarra e os míudos, a algazarra
Vai-se o povo que se agarra pra passar a procissão
E são atletas, corredores de bicicletas
E palavras indiscretas na boca de algum rapaz
E as barracas mais os cortes nas casacas
Os conjuntos, as ressacas e outro brinde que se faz

Vinho do Porto vou servi-lo neste cálice
Alicerce da amizade em Portugal
É o conforto de um amor tomado aos tragos
Que trazemos por vontade em Portugal

Se nós quisermos entornar a pequenez
Se nós soubermos ser amigos desta vez
Não há champanhe que nos ganhe
Nem ninguém que nos apanhe
Porque o vinho é português

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Mariette Pessanha

Mariette Pessanha gravou "Fadinho do Turista" da autoria de Carlos Paião.

http://mapessanha.blogspot.com/2008/07/mariete-pessanha-maria-madalena.html

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Eu Show Nico



Carlos Paião aparece no disco dedicado ao programa "Eu Show Nico"

faixa "Então, Come-se ou não"

Notas: o teledisco de "Play-back" enviado para a eurovisão foi gravado no programa de Nicolau Breyner.

imagem: O Cantinho das Colecções

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Há Conversa

 

CARLOS PAIÃO (Ofélia Paião, Nuno Gonçalo da Paula)
Programa Há Conversa da RTP-Memória - 28/10/2011

Uma justa homenagem a este jovem autor, compositor e intérprete, prematuramente desaparecido do nosso convívio. Em estúdio estará a sua mãe, Ofélia Paião, bem como Nuno Gonçalo, autor do livro autobiográfico sobre Carlos Paião, que foi lançado recentemente.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

António Sala

António Sala apresentou a sua autobiografia «Memórias da Vida e da Rádio dos Afectos».

— O seu livro é sobre memórias. Qual a mais marcante?

— Todas, sem excepção, somos uma mistura de muitas coisas, de muitas memórias, de recordações, de histórias e de lições que a vida nos ensinou. Destacar uma é difícil, até porque seria injusto para todas as outras fazê-lo. Este é um livro aberto, que espelha o que sou, sem defesas, como aliás fiz em quase tudo ao longo da minha vida.

— E porque sentiu a necessidade de o escrever?

Há uma história por detrás deste livro. Era muito amigo do Carlos Paião. E como ele era médico perguntava-lhe muitas vezes o que devia fazer quando sentia determinados sintomas. Respondendo à sua pergunta, digo-lhe que senti a necessidade de escrever este livro não por estar em final de vida ou de carreira, não sei o que isso é, mas porque foram muitas horas na estrada, tantas que gostava de as ver eternizadas no papel. A palavra escrita tem outra força, o mesmo não pode dizer-se do que se diz na rádio ou televisão. Essas são palavras que se perdem no tempo...

A Bola

Mediabooks

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dados biográficos

1957 — Nasce, a 1 de Novembro, em Coimbra.

1962 — Inicia lições de acordeão.

1964 — A família de Paião muda-se para Lisboa.

1978 — Apresenta-se a cantar e a tocar piano na RDP-Centro.

Classifica-se em 1º lugar no Festival da Canção de Ílhavo com o tema «Canto de Guerra», vencendo ainda o prémio de interpretação e colocando uma outra canção sua em 4º lugar. A vitória leva-o a enviar uma cassete com material à editora Valentim de Carvalho, que o contrata, por insistência de Mário Martins, um dos A&R da editora, e após outros responsáveis não terem mostrado interesse. Por essa altura, já tinha mais de 200 canções escritas. Mário Martins e Henrique Amoroso, responsáveis pelo departamento de publishing da editora, começam a encomendar-lhe regularmente composições para outros artistas.

1980 Mar. (7) — Participa no Festival RTP da Canção interpretando «Amigos, Eu Voltei», mas fica-se por uma das eliminatórias, não conseguindo apuramento para a final.

Gravada por Herman José, a sua composição «Canção do Beijinho» torna-se num enorme sucesso comercial e popular. O álbum do mesmo nome inclui ainda dois outros temas de Paião, «Eu Não Sei de Ti» e «Não Descalces os Sapatos».

Jun. — «A Gente Cresce, Cresce...», gravada pelo actor Joel Branco, torna-se num grande sucesso público. É o primeiro de quatro singles gravados pelo actor com canções de Carlos Paião; os restantes são «É tão Giro» (1981), «Ora Toma!» (1982) e «Nós Havemos de Cantar (1983).

1981 Jan. — Submete três canções ao júri de selecção do Festival RTP da Canção: «Souvenir de Portugal», «Eu não Sou Poeta» e «Play-back»; dado que o júri apenas pode escolher uma canção para cada intérprete, é «Playback» a escolhida.

Fev. — É editado o primeiro single de Carlos Paião em nome próprio: «Souvenir de Portugal/Eu não Sou Poeta», que vende para cima de 50 mil exemplares. Ambas as canções haviam sido rejeitadas pelo júri da RTP.

Mar. (7) — «Playback» vence o Festival RTP da Canção, sendo apurada para participar no Festival da Canção, a realizar em Dublin. A vitória não é contudo isenta de polémicas: o semanário TV Top afirma que a canção partiu em vantagem devido à inserção fugaz de uma legenda com o título alegadamente subliminar, imediatamente antes da sua interpretação. Contudo, a polémica é desfeita por declarações da RTP explicando que a votação do júri nacional já tinha sido feita antes da transmissão televisiva do festival, pelo que a legenda não tivera influência na vitória. Em todo o caso, a legenda, cujo tempo de inserção era demasiado longo para poder ser considerada como imagem sublimiinar, estava programada para surgir antes de todas as canções como «solução de recurso» caso houvesse algum atraso na emissão, surgindo apenas antes do tema de Carlos Paião devido a um atraso na retirada de palco do piano do concorrente anterior, José Cid. A canção é enviada para a Eurovisão num teledisco gravado para o programa «Eu Show Nico», dado que a RTP, por ter realizado o festival no último dia possível, segundo o regulamento da Eurovisão, não havia tido tempo para filmar um teledisco de promoção.

César de Oliveira convida-o para musicar uma nova revista, "Escabeche", para o teatro ABC.

Em entrevista ao Diário de Notícias, anuncia igualmente ter composto uma canção para Raul Solnado, igualmente artista da Valentim de Carvalho, intitulada «Tó Kratintas», mas o tema nunca é editado.

Abr. (4) — «Piayback» fica em 19º e penúltimo lugar no Festival da Canção, realizado em Dublin, com oito pontos atribuídos pelo júri alemão e um pelo júri grego, numa das posições mais baixas jamais obtidas pela representação portuguesa. O single, contudo, atinge rapidamente em Portugal o Disco de Ouro, acabando por vender mais de 80 mil cópias. No lado B, está a versão inglesa de «Playback», que vem substituir «Pó de Arroz», tema julgado demasiado bom para ser relegado para um lado B. Entretanto, a versão inglesa de «Playback», editada em 13 países diferentes, vende 40 mil cópias na Alemanha.

Jul. — Concorre ao I (e único) Festival da Canção da Rádio Comercial com o tema «Viver Viver» interpretado por Carlos Quintas, mas que não é apurado pelo júri do concurso. Carlos Quintas voltará ainda a gravar Paião em 1982 com o single «Vamos Dançar na Rua».

Nov. — Publica em single «Pó de Arroz», uma balada originalmente gravada para inclusão no lado B de «Playback», e «Ga-Gago».

1982 Fev. — Amália edita «O Senhor Extra-Terrestre», um maxi-single com duas canções originais de Carlos Paião (a outra é «O Amigo Brasileiro»). Mário Martins, da Valentim de Carvalho, levara à cantora algumas das canções que Paião enviara à editora, numa manobra desenhada para dar credibilidade ao compositor, e Amália escolheu dessas maquetas 37 canções, das quais apenas acabaria por gravar estas duas.

Mar. (6) — Regressa ao Festival RTP da Canção como autor de «Trocas e Baldrocas», interpretada por Cândida Branca Flor, que fica classificada em 2° lugar.

«A Gente Cresce, Cresce...» é gravada em finlandês por Kirka com o título «Satainen Paiva».

Abr. (2) — Entra em estúdio para registar o seu primeiro, álbum.

Jun. — E publicado o single «Marcha do Pião-das-Nicas», uma marcha para a época dos Santos Populares, com «Telefonia (Nas Ondas do Ar» no lado B.

Nov. — É publicado o seu primeiro álbum, «Algarismos», cujas dez canções, todas inéditas, são dedicadas a cada um dos dez algarismos matemáticos (0 a 9). Apesar da boa recepção da crítica, o disco não obtém o sucesso comercial esperado, e Carlos Paião acabará por só voltar a gravar um 33 rpm em 1988.

1983 Mar. (7) — Carlos Paião apresenta-se no Festival RTP da Canção, interpretando em dueto com Cândida Branca Flor «Vinho do Porto, Vinho de Portugal», que fica classificada em 4º lugar. O tema será o pretexto para uma compilação conjunta, intitulada «Cantigas da Telefonia», que reúne seis temas de Paião e seis de Cândida Branca Flor.

Jul. — Estreia na RTP-1 «O Foguete», um programa de variedades criado e apresentado a três por Carlos Paião, António Sala e Luís Arriaga. Misto de comédia e programa musical no cenário de um comboio em viagem entre Lisboa e o Porto, os nove programas da série são mal recebidos pela crítica e pelo público (alguns media apontam que a fraca qualidade do programa terá prejudicado a imagem pública do cantor). Em entrevistas, Paião reconhece as deficiências da série, devidas à inexperiência dos três autores/actores/apresentadores e às insuficiências da RTP, agravados por a produção ter tido lugar durante as férias de Verão, mas sublinha a popularidade do programa junto do público da província e das crianças. O tema-título «O Foguete» será, ainda assim, editado em single mais perto do final do ano.

Nov. — Completa o curso de Medicina, mas, como já era esperado, opta por não exercer para se dedicar em tempo inteiro à sua carreira musical. O estágio obrigatório fica por fazer.

1984 Jun. — Publica o single «Discoteca», que tem no lado B «Tenho Um Escudo à Minha Frente». Embora esteja pronto desde Abril, um litígio entre as discográficas e o Sindicato dos Músicos leva a que só seja editado em Junho.

Ago. — «Trocas e Baldrocas», que Cândida Branca Flor defendera no Festival RTP da Canção de 1982, é escolhida pela Rede Globo para inclusão na banda sonora da novela brasileira «Transas e Caretas», nunca exibida em Portugal. [numa versão das Harmony Cats]

Paião compõe, a pedido expresso do artista, todas as canções interpretadas por Herman José na série humorística «Hermanias» na pele da personagem Serafim Saudade, uma sátira contundente aos cantores ditos «pirosos», que os media se apressam a identificar como um ataque dissimulado a Marco Paulo, um dos poucos cantores ligeiros do catálogo da (agora) EMI-Valentim de Carvalho a nunca ter gravado originais de Carlos Paião. A acusação é agravada pelo facto de uma das canções ser uma versão de «I Just Called to Say I Love You», de Stevie Wonder, que Marco Paulo gravará, numa outra versão a sério, no seu álbum desse ano. Em entrevistas de imprensa, Paião desmente que a personagem seja directamente inspirada por Marco Paulo, apontando que a versão de Serafim Saudade para «I Just Called to Say I Love You» fora pensada e gravada muito antes de Marco Paulo ter anunciado que iria fazer o mesmo.

Nov. — Publica «Cinderela», um novo êxito que atinge quatro tiragens sucessivas.

1985 Fev. — «O Melhor de Carlos Paião» repõe, em LP, grande parte do material até então publicado apenas em single.

Maio — Herman José edita, pela EMI-Valentim de Carvalho, o álbum «O Verdadeiro Artista», assinado por Serafim Saudade. O álbum reúne 12 dos 13 temas que Carlos Paião escrevera para aquela personagem da série televisiva «Hermanias»; um deles é um dueto entre Herman / Serafim e Paião / índio Nelson, «Para as Sogras Que Encontrei na Vida», inspirada pelo êxito de Júlio Iglesias e Willie Nelson «To All the Girls I've Loved Before». A edição do LP fora antecedida pelo single inédito «O Verdadeiro Artista», que, embora não fizesse parte dos temas cantados no programa, é igualmente incluído no disco. Contudo, o álbum (que traz como oferta um pente de plástico igual ao utilizado por Serafim Saudade) não repete o sucesso da série e fica aquém das expectativas comerciais. Nesse mesmo mês, é publicado o novo single de Carlos Paião, «Versos de Amor», cujo lado B é uma nova versão de «Os Namorados», incluída no esquecido LP Algarismos.

Set. — «Lá Longe Senhora» é seleccionada, de entre 2035 originais enviados por 58 países, para participar no Festival Mundial da Canção Popular de Tóquio, no célebre Budokan.

Out. (26-27) — «Lá Longe Senhora» obtém uma boa classificação no Festival da Canção de Tóquio.

Nov. — Edita o single «Arco-íris», cujo lado A é o genérico de um popular concurso infantil da RTP-1, apresentado por Carlos Ribeiro.

1986 Jun. — É editado o single «Bámos Lá Cambada», hino oficial da Selecção Nacional de Futebol para o Campeonato Mundial de Futebol no México, interpretado por Herman José na pele do comentador desportivo José Estebes com a ajuda de várias estrelas da música portuguesa ligadas ao catálogo da EMI-Valentim de Carvalho. A canção fora composta por Carlos Paião, de urgência, num fim-de-semana.

Nov. — Edita o single «Cegonha», em cujo lado B está «Lá Longe Senhora», com a qual Paião se apresentara no Festival de Tóquio.

1987 Abr. — É publicado o álbum de Cândida Branca Flor Cantigas da Nossa Terra, produzido por Carlos Paião. Carlos Paião é convidado por Herman José para compor material para a sua nova série de comédia, «Humor de Perdição», cuja transmissão é iniciada em Novembro mas interrompida bruscamente em inícios de 1988, quando um dos sketches do programa levanta uma polémica ao mais alto nível.

1988 Jul. — Carlos Paião grava nos estúdios da Valentim de Carvalho em Paço d'Arcos o seu segundo álbum, seis anos depois de «Algarismos», com produção de Jorge Quintela e a participação especial de Dina e do Trio Odemira.

Ago. (26) — Carlos Paião morre tragicamente num acidente de viação na Estrada Nacional n.º 1, próximo da Fonte da Amieira, no qual perde igualmente a vida o seu técnico de som Carlos Sousa. O cantor deslocava-se para Leiria, onde iria actuar nessa noite. Das cerca de 500 canções que deixou escritas, apenas perto de 50 foram gravadas. Numa ironia trágica, a morte do cantor ocorre um dia depois do incêndio do Chiado, que destruíra parte substancial do património histórico da EMI-Valentim de Carvalho, editora à qual estivera ligado desde o início da sua carreira.

Set. — «Intervalo», o álbum pronto desde Julho mas cuja edição ficara adiada para Setembro por decisão conjunta do artista e da editora, é publicado pela EMI-Valentim de Carvalho, que decidiu respeitar a data originalmente marcada para o lançamento. Do álbum serão extraídos três singles, «Quando as Nuvens Chorarem» em dueto com Dina, «Só Porque Somos Latinos» e «Mar de Rosas» em dueto com o Trio Odemira, mas os resultados comerciais do LP ficarão, mais uma vez na carreira de Paião, aquém das expectativas, confirmando o progressivo afastamento do grande público da música ligeira, termo que Paião sempre assumira com orgulho para a sua música.

1989 Mar. (7) — A canção concorrente ao Festival RTP da Canção pela EMI-Valentim de Carvalho é «Palavras Cruzadas», um inédito de Carlos Paião escolhido por Mário Martins para a voz de José Alberto Reis, uma nova aposta da companhia no campo da canção ligeira, mas o terna não convence o júri, que lhe dá um modesto 7º lugar entre 12 concorrentes.

1991 Set. — É publicada a compilação «O Melhor de Carlos Paião», um duplo LP/CD simples que vem substituir uma edição anterior com o mesmo título e que consegue finalmente dar postumamente a Carlos Paião o álbum de sucesso que nunca teve em vida. A colectânea reproduz na capa dois textos memoriais datados de 1988, escritos «a quente» pouco depois da morte do cantor — um de Mário Martins, A&R responsável pela carreira de Paião, para acompanhar o dossier de imprensa de «Intervalo», o outro do jornalista João Gobern, publicado na edição do diário A Capital do dia 27 de Agosto de 1988.

1993 Ago. — Por ocasião do quinto aniversário da morte do cantor, a EMI-Valentim de Carvalho publica uma caixa de 3 CD que reúne a discografia integral do artista: os álbuns «Algarismos» e «Intervalo» nunca publicados anteriormente em CD — e ainda um terceiro compacto incluindo todos os lados A e B de singles. Os três álbuns serão posteriormente publicados separadamente em CD.

1996 — A série Caravela EMI edita o CD «Pó de Arroz», com alguns êxitos de Carlos Paião.

Fonte: Enciclopédia da Música Ligeira (Circulo de Leitores, 1998)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Intervalo

Já está à venda o  livro "Intervalo – Biografia de Carlos Paião", de Nuno Gonçalo da Paula (ISBN 978 972 780 323 1).

Depois da publicação da biografia do compositor Nóbrega e Sousa, Nuno Gonçalo da Paula prossegue as suas investigações no campo da música portuguesa contemporânea com a biografia do cantor e compositor Carlos Paião, falecido com apenas 30 anos, vítima de um acidente de viação. Nascido a 1 de Novembro de 1957, em Coimbra, Carlos Paião viveu a infância em Ílhavo, onde escreveu, aos oito anos, a primeira quadra e, um ano volvido, a primeira composição. Em Lisboa, tornou-se um médico apaixonado pela música. As suas letras forma cantadas por artistas consagrados, como Amália Rodrigues, Fafá de Belém, Nicolau Breyner, Raul Solnado, Herman José, Florbela Queiroz, Joel Branco, ou Lenita Gentil. Vencedor de vários prémios, destaca-se o Festival RTP da Canção de 1981, com o inesquecível Play-Back. O criador de O senhor extraterrestre e Eles foram tão longe editou treze singles e dois LPs, entre 1981 e 1988. A obra inclui numerosos testemunhos, entre os quais os dos pais, esposa, António Sala, Eládio Clímaco, Florbela Queiroz, Herman José, Joaquim Letria, Maria Barroso Soares, Ramon Galarza e o já falecido Raul Solnado.

Nota: Em breve iremos actualizar algumas das colaborações de Carlos Paião que não estão completas neste blog. Discos de nomes como Rodrigo, Cândida Branca-Flor, Fernando Pereira, entre outros.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Parece que é bruxo

http://asletrasdofado.blogspot.com/2011/05/parece-que-e-bruxo.html

Colaboração de Carlos Paião e António Tavares Telles

sábado, 27 de agosto de 2011

Recordar Carlos Paião

http://sic.sapo.pt/online/sites+sic/querida-julia/diario/carlos+paiao.htm

Carlos Paião, um músico excepcional.

Programa "Querida Júlia" (SIC) de 26.08.2011 com a presença de Luís Arriaga, Maria do Deserto e Rui Nova.

Apresentação

Faleceu há 23 anos, mas a sua obra permanece bem viva!

Primeira Parte
 
Amigos e familiares relembram o músico e a pessoa.

Conversa com Luís Arriaga, Maria do Deserto e Rui Nova. Intervenções ao telefone de Joel Branco.

Segunda Parte

Com tributo musical de alguns dos êxitos do cantor!

Depoimentos dos pais de Carlos Paião (Ofélia e Carlos) e várias imagens de video amador, fotografias, etc

Pais relembram Carlos Paião: A mãe e o pai do músico recordam o filho.

Notas:

- Luis Arriaga conheceu Carlos Paião aquando do Festival de 1980.
- Joel Branco foi apresentado por Mário Martins.
- A fotobiografia de Maria do Deserto foi lançada em Novembro de 2008. Surgiu após um desafio lançado por alguns amigos. Nunca tinha privado com o cantor apesar de ser admiradora da sua carreira.
- Rui Nova era locutor da Rádio Onda Verde e fez uma entrevista após um espectáculo no Casino da Póvoa. Também foi apoiado por Carlos Paião na sua carreira como cantor. Paião deveria produzir o seu disco de estreia e compor uma das músicas .
- Carlos Paião chegou a fazer serviço de urgência no hospital mas muitos dos pacientes não o levavam a sério.
- Joel Branco relembrou que ele era muito disponível  para os seus amigos chegando ao ponto de ter uma agenda com contactos de colegas artistas que costumava sugerir aos promotores que o contratavam para espectáculos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Morte de Carlos Paião

'Eu hei-de entrar para o Guiness'. Podia ter sido mais uma das trezentas músicas de Carlos Paião a chegar às lojas. Mas esta “espécie de malhão” nunca saiu da gaveta. Continua numa maqueta, na discoteca pessoal de António Sala, como revelou ao Página1 o “melhor amigo” do “genial criador de temas”, que, há 23 anos, morreu num acidente de viação.

Carlos Manuel de Marques Paião preferia “ser um bom cantor a um mau médico”. Mas foi, primeiramente, a veia vanguardista de compositor e de autor que lhe fechou, de vez, a porta do consultório, apesar do diploma de Medicina.

Após vencer vários festivais regionais de música, nomeadamente em Ílhavo – a sua terra-natal – no arranque da década de 80, o Dr. Paião aventurou-se, já de microfone na mão, no então mítico Festival da Canção. Concurso que um ano depois venceu, graças a 'Playback'.

Quando, em 1982, chega ao programa de televisão 'Foguete', de António Sala e Luís Arriaga, “já tinha bastante protagonismo, já dava nas vistas. Era diferente, avançado para a época. Só mesmo comparado, no mesmo contexto de poesia ligeira do século XX, a Ary dos Santos ou a António Variações”. Ainda assim, a voz do Despertar da Rádio Renascença admite que “a junção da coincidência televisiva e do talento criaram, a partir daí, um grande fenómeno de popularidade". Carlos Paião "ainda hoje é estimado e apreciado por jovens que nasceram após a sua morte" e esse constitui "o maior elogio que se pode fazer a um artista”.

E é assim mesmo que o eterno locutor de rádio define Paião. Às críticas da época sobre a ausência de uma grande voz, responde hoje com a definição de um “intérprete genuíno”, de “tantos e bons temas”, dos quais coloca na pole position 'Pó de Arroz'. Mas são muitos os que ainda permanecem na ponta da língua de muita gente. Talvez por isso, aquela tarde de Agosto, tenha sido de luto em cada casa portuguesa, após a notícia fatídica do seu acidente, em Rio Maior, quando regressava de um concerto em Fornos de Algodres.

“Naquele dia, parte da minha juventude, da rádio, dos espectáculos, da televisão, que fizemos juntos, ficou naquela carrinha”, recorda António Sala.

Mas, como dizia “o homem que a brincar falava bem a sério”, “a amizade é aquilo que fica depois das teias da lei. Por isso, até qualquer dia, porque da vossa simpatia, nunca mais me esquecerei”.

Joana Costa / Página1, 26/08/2011

Nota: Mário Martins já tinha falado do tema sobre o "Guiness" numa entrevista à RDP.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Mitos urbanos e Boatos

Susana André lança o livro "Mitos Urbanos e boatos" (onde analisa mais de 80 rumores), e cujo ponto de partida foi uma reportagem feita para a SIC.

Outro [boato] forte é o do caixão arranhado por Carlos Paião. A esposa do cantor, médica de profissão, despistou a Susana André qualquer dúvida a respeito dessa eventualidade.

DINA MARGATO/JN (Boatos: efeitos perigosos)


e que trata este seu livro «Mitos Urbanos e Boatos»?

É um trabalho de investigação que pretende desconstruir alguns dos maiores e mais conhecidos boatos e mitos urbanos de sempre. Desde o boato que inventou (...), passando pelo mito urbano que diz que o cantor Carlos Paião foi enterrado vivo, o livro aborda dezenas de histórias falsas ou distorcidas e desmonta-as, muitas vezes com a ajuda dos seus protagonistas.


Carlos Paião (não) foi enterrado vivo

Quem nunca ouviu o boato de que Carlos Paião foi encontrado virado no caixão depois de o ter arranhado não deve ter andado em Portugal nos últimos 20 anos. O mito de que o cantor de “Playback” tinha sido enterrado vivo era contado em cafés como um facto. “É uma história chocante e foi com relutância que contactei a viúva de Carlos Paião. Ela explicou-me que o corpo tinha sido autopsiado e que nunca ninguém abriu o caixão”, diz ao i Susana André.

VANDA MARQUES / I - 22.03.2010

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Estreia em disco


Ainda antes de vencer o Festival da Canção foi lançado o seu primeiro single que incluía as outras duas canções que não foram seleccionadas (Souvenir de Portugal e Eu Não Sou Poeta) porque apenas poderia ser apurada uma por artista/compositor.

No texto da contracapa aparece já uma referência ao tema "Play-back" e aos temas gravados por Amália Rodrigues que apenas foram editados em 1982. Refere ainda os temas compostos para Pedro Couceiro, Joel Branco, António Mourão e Herman José. É realçada a diversidade de estilos: canção infantil, balada, fado e uma brincadeira.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Intervalo - Biografia de Carlos Paião


Nuno Gonçalo Paula esteve recentemente nos programas "Boa Tarde" da SIC e "A Tarde É Sua" da TVI  para apresentar o livro "Intervalo - Biografia de Carlos Paião".


imagens: Facebook FL ; Canal YouTube de Miguel Meira

Ver a emissão da SIC (com o autor, Zaida Cardoso, Nuno e Henrique, Ana e Joel Branco):

Boa Tarde

Ver a emissão da TVI (com o autor, Herman José e os amigos Paulo Lemos e Maria Helena Martins):

A Tarde É Sua

- Quanto mais leio e ouço falar de Carlos Paião, mais o admiro. Nós, portugueses, temos génios e nem sempre lhe damos o devido valor (Facebook de Fátima Lopes)

- Os pais de Carlos Paião guardam religiosamente roupas e até peluches de infância do cantor.

- Conforme a localidade onde tocava, Carlos Paião fazia uma quadra alusiva ao nome do lugar... Isto sim era proximidade. [a quadra final de uma das canções tinha de rimar com o nome da localidade, foi referido o caso de Sernancelhe devido à dificuldade]

- Era habituar dedicar músicas aos amigos nos seus dias de anos.

- Nos dois programas  foram mostradas letras de canções com "Canção dos Cinco Dedos", "Play-back", "Pó de Arroz" ou de outras escritas na sua juventude como "Auto Retrato de Um Presunçoso" ou "Drama da Musa".



- A biografia do cantor e compositor será lançada brevemente, o autor, Nuno Gonçalo da Paula, levou dois anos a recolher material.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Livro de Nuno Gonçalo da Paula

Género: Biografia
Título: Carlos Paião
Autor: Nuno Gonçalo da Paula
Editora: Âncora

Este Mês à Venda - Junho - Os Meus Livros

Nuno Gonçalo da Paula

Nuno Gonçalo da Paula nasceu na cidade de Aveiro, em Outubro de 1984.


Desde cedo manifestou especial sensibilidade pela História e pela Música. Reunindo estes dois universos, a biografia de Nóbrega e Sousa é a sua primeira obra, através da qual presta tributo a uma personalidade que particularmente admira.

http://www.ancora-editora.pt/biografias/nunogdp.htm

Neste blog já foi publicado um artigo/texto do autor sobre Carlos Paião.

A descrição "Uma Estrela Cadente Que Passou", que aparece no cabeçalho deste blog, foi retirada desse texto.

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terça-feira, 26 de abril de 2011

domingo, 17 de abril de 2011

Exposição na Biblioteca Municipal de São Domingos de Rana


Depois de ter estado patente no Espaço Memória do Teatro Experimental de Cascais, a exposição Carlos Paião: compositor e intérprete é apresentada de 13 a 30 de Abril, na Biblioteca Municipal em São Domingos de Rana.

A mostra faz referência aos principais momentos da vida do músico, que se tornou popular graças a êxitos como Playback, Pó de Arroz e Cinderela, entre tantos outros. Estarão patentes fotografias, brinquedos, cadernos escolares com poemas escritos pelo músico, cartazes, discos e diversos testemunhos de amigos.

Informações pelo tel.: 214815403.
Horário: 2ª feira das 13h às 19h00 3ª a 6ª feira das 10h às 19h00 Sábado das 10h às 13h00 e das 14h às 18h00

Paperblog

Carlos Paião nasceu (por motivos médicos) em Coimbra, viveu em Ílhavo (terra dos seus pais) na infância e depois foi viver para São Domingos de Rana. Está sepultado em São Domingos de Rana, freguesia do concelho de Cascais.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Carlos Paião - 1957/1988. Lançamento da obra biográfica

Boa tarde a todos.
Fiquei muito sensibilizado por ter sido convidado pela Sra. Directora da Biblioteca Municipal de Esposende, Dra. Maria Manuela Luísa Leite, para poder fazer a apresentação do lançamento do livro: “Inspirada na minha Paixão: Carlos Paião 1957-1988” e da autoria de Maria do Deserto, a quem desde já felicito pelo arrojo literário demonstrado.

Como professor de Educação Musical, em Braga, mas natural desta linda cidade de Esposende, de que muito me orgulho, e tal como Carlos Paião se vangloria da sua terra e das suas gentes, também por cá passei a minha meninice até à idade adulta. É com muito gosto que aqui estou presente para dar o meu singelo contributo e para podermos recordar esta figura ímpar da música ligeira portuguesa e tão prematuramente desaparecida do nosso convívio, vai para vinte anos a esta parte.

Parafraseando alguém de que “O homem passa mas a sua obra permanece”, isto aplica-se como uma luva ao nosso homenageado pois foi e continua a ser, para além do seu virtuosismo musical, um exemplo de valores humanos a imitar, numa sociedade cada vez mais carenciada deles.

Na sucinta análise que adiante irei descrevendo, irei debruçar-me sobre alguns pontos que achei pertinente serem focalizados. Assim, abordarei a autora do livro em questão e, de seguida, a obra do músico e compositor, completando com a apresentação de uns excertos musicais do mesmo e interpretados pelo Rúben, um jovem de vinte anos que bem poderá incarnar o espírito musical de Carlos Paião.

A autora da obra: Maria do Deserto.

O que sei da autora, é de que nada sei, ou melhor e dito por outras palavras, este é também o meu primeiro contacto com a “progenitora” desta obra. Todavia e se posso dizer algumas palavras a propósito, elas derivam mais da leitura convidativa do próprio contexto deste livro. Sei que é “repórter fotográfica, a residir no estrangeiro e apaixonada pelas letras e pela fotografia e fã e admiradora do compositor, das suas letras e músicas, apesar de nunca o ter conhecido”, citando o folheto de apresentação do Gabinete de Relações Públicas do Município de Esposende.

Como melómana, a autora terá ficado encantada com a obra musical de Carlos Paião. No livro, não deixa de ser notável a forma sui generis como o demonstra, tentando revelar múltiplas facetas do compositor, primeiro como homem e das suas ímpares qualidades humanas e, concomitantemente, na sua obra musical, onde se reflectem essas mesmas qualidades, ratificadas pelos muitos testemunhos dos seus inúmeros amigos de que se rodeou em vida e que fazem a parte final deste livro.

Se já leram ou vierem a ler esta biografia oficial do autor de Cinderela, terão chegado à conclusão de que é agradabilíssimo ir seguindo cada parágrafo do seu contexto onde a autora vai mesclando a sua própria prosa de uma forma quase poética, a que se junta a realidade da fotografia como que retrospectivando a vivência do músico-doutor.

Não serei a pessoa mais indicada para fazer uma análise e crítica estilística a este livro, mas como simples leitor apercebi-me de que a sua autora é de uma sensibilidade simples e despretensiosa, conseguindo captar o leitor ao longo das 416 pp. da obra em questão. Somos como que embalados em cada capítulo pelo romance feito de enternecimento e cuja autora abraça de uma ternura quase bucólica. De certa maneira, chamar-lhe-ia de pictórica a forma como o faz, levando-nos em cada fase do crescimento deste filho dilecto de Ílhavo, a vivenciarmos também o percurso de cada qual, ao tempo da nossa meninice.

Datas como o ter vindo ao mundo, o baptismo, as comunhões, os dias de aniversário, os tempos de escola, os jogos de criança e outros momentos que nos marcaram a todos, são pretexto para a sua autora os burilar de uma candura que a todos sensibiliza. Diria até que nestes pormenores ela é também uma artista.
Folheando o livro, a tal propósito, dei-me a contemplar o seu estilo literário na sua, e passo a citar: “…mistura arrojada de emoções, que me declaram na alma, uma realização plena… de observadora intimista, de me apoderar de pedaços da sua breve existência, fazendo-me perceber que a sua vida ainda está presente, como se aguardasse a minha vinda, para desbravar nesta homenagem o mundo mágico que nem a morte silenciou”. Ou, mais além, a ternura espelhada em: “…o seu nascimento fora como uma peça divina criada pelas mãos de Deus, que escolheu ternas fadas para a sua vida…” ou ainda “… aconchegado no regaço do colo da sua mãe, viajava numa fantástica barca intemporal, onde tudo se revelava maravilhoso e único”, pp. 46, entre muitas outras páginas carregadas de simbolismo, de pedagogia, vivência e filosofia da vida.

Os próprios subtítulos são também um convite a que sejam desbravados e assimilados no seu todo. Estão patentes em “destinos entrelaçados”, “O início da caminhada”, “A dádiva de fé”, “Mosaico de emoções”, entre tantos outros. De certa forma, o leitor como se revê em cada um deles pois são como um letmotiv da nossa própria existência humana.

Não é minha intenção revelar o conteúdo do livro pois a tal estão convidados todos os seus potenciais leitores que dele farão a análise que julguem fazer. Apraz-me apenas chamar a atenção para um e outro pormenor mais ligado à minha área profissional da música. E no que diz respeito à autora de “Inspirada na minha Paixão”, por certo que terei ficado muito aquém do que a este propósito ainda deveria e deverá ser dito. Parafraseando o título do próprio livro louvo-lhe a “Paixão” com que levou a cabo todo o processo de investigação para que fosse possível agora podermos usufruir de um melhor conhecimento do compositor de Play-back e perpetuarmos no tempo esse mesmo tempo que não lhe sobrou em vida para que fosse reconhecido no seu real valor como um artista que, diria, foi quase completo nas suas facetas de músico e compositor.

Carlos Paião: o músico e a obra.

Foi realmente uma notícia trágica a que, através da rádio e da televisão, nos atordoou a todos, naquela fatídica sexta-feira, dia 26 de Agosto de 1988. Como diz a autora, foi “…um pó de arroz que foi levado pelo vento”.

À parte o acontecimento que enlutou familiares e amigos e as especulações levantadas sobre este, ficou-nos, do compositor, a sua obra gravada por vários meios áudio - visuais e de que vamos ainda desfrutando na qualidade de cada um dos seus inúmeros trabalhos editados.

Carlos Paião é descrito pelos seus amigos como: “… uma eterna presença apesar da ausência. Um jovem prodigioso e de uma simplicidade genuína. Autêntico. Simples. Competente. Uma pessoa sempre bem disposta e de uma alegria contagiante e um retrato fiel de felicidade. Irreverente e junto dele ninguém ficava triste. Optimista e um amigo de referência com quem sempre se podia contar. Dele cita Olga Cardoso: “… derramaste amor às mãos cheias, espalhaste aos quatro ventos e acabaste por ter mais do que tinhas”.
“Compor para o autor era facílimo pois ele dava vida e cor à música com os seus textos de forma eficaz e sobretudo rápida”, assim se refere a ele Luís Filipe Aguiar, cantor e músico. “Amigo do seu amigo e de uma disponibilidade absoluta e desinteressada, ora compondo ora escrevendo ou ainda disponibilizando todos os seus meios técnicos para ajudar qualquer colega de palco. Tinha o dom de cultivar a arte de viver e a amizade e adorava crianças”. Como finaliza Filipe de La Feria foi como: “… uma estrela cadente que no céu desprende o seu lastro de luz”. Foi um trovador de sonhos”. Ah! … e um fervoroso benfiquista que mesmo em casa frente à TV não abdicada do seu cachecol encarnado!

Seria por demais cansativo debruçarmo-nos sobre tanta proficuidade e variedade da sua música que deu até para “dar e vender” a terceiros, o que demonstra o espírito de dádiva aos outros que tanto o caracterizou na sua forma de ser e estar em vida.

Musicalmente, as suas canções são de uma melodia e harmonia contagiantes e sempre adaptadas a diferentes realidades vivenciais. A título de meros exemplos na sua curta passagem compilou e compilaram-se dele alguns Álbuns como: Algarismos, O Melhor de Carlos Paião, Intervalo, os Singles, Pó de arroz, Cinderela e já posteriormente ao seu desaparecimento, Letra e Música 15 anos depois (EMI, 2003), Play-Back – Colecção Caravelas (EMI, 2004) e Perfil (Som Livre, 2007). Entre outros Compactos [Singles] salientem-se: Souvenir de Portugal/Eu não sou poeta, Play Back, Pó de Arroz/Gá-gago, Marcha do peão das Nicas/Telefonia nas Ondas do Ar, Zero a Zero/Meia Dúzia, Vinho do Porto, Vinho de Portugal, com Cândida Branca Flor, O Foguete, Versos de Amor, Arco Íris, Discoteca, Cinderela, Cegonha e Quando as Nuvens Chorarem.

Não me quereria substituir a qualquer site da NET pois os meus ouvintes por certo encontrarão quase tudo o que há que ver e dizer sobre este compositor de sorriso sempre aberto.

Os seus pontos altos foram o 1º lugar no Festival RTP da Canção de 1981, com a canção Playback , numa altura em que este certame representava uma plataforma para o sucesso e a fama no mundo da música portuguesa. Já aqui se notava uma crítica divertida, mas contundente, aos artistas que cantam em playback. Com este tema representaria o nosso país em Dublin no Festival da Eurovisão desse mesmo ano.

Para além desta participação esteve ainda em muitos outros festivais quer em Portugal quer no estrangeiro. Em 1985, concorreu ao Festival Mundial de Música Popular de Tóquio, tendo a sua canção sido uma das 18 seleccionadas entre mais de 2000 representativas de 58 países!

O seu altruísmo na música fez com que lhe fossem encomendadas muitas outras músicas como foi o caso do próprio Herman José e que viriam a alcançar um grande êxito como a Canção do Beijinho. Amália Rodrigues cantou dele O Senhor Extra-Terrestre (1982).

Compositor, intérprete e instrumentista, Carlos Paião produziu mais de quinhentas canções, tendo sido homenageado em 2003, com um CD comemorativo dos 15 anos do seu desaparecimento. Já em 2008, por altura da comemoração dos 20 anos do desaparecimento do músico, vários músicos e bandas reinterpretaram temas do autor na edição de um álbum de tributo, “Tributo a Carlos Paião”.

Ao rever uma cena do filme Amadeus galardoado com vários Óscares da Academia de Cinema, Salieri, músico da corte austríaca e acusado injustamente de ter envenenado Mozart, no hospital de Psiquiatria onde estava internado e cujo capelão o visitara para que este se confessasse, o músico já envelhecido mas ainda cioso do seu presumível talento faz um acordo com o padre. Que se confessaria se este soubesse identificar algumas das (suas) músicas e que supostamente teriam tido tanto êxito, na altura. Após algumas tentativas ao ouvido duro do capelão, este não distinguiu qualquer daquelas. Irritado, Salieri tocou então uma simples melodia de Mozart e logo o clérigo a trauteou. De certa forma, e passe a comparação, ainda hoje quaisquer dos temas de Carlos Paião são do domínio e conhecimento popular e a sua identificação, passados todos estes anos, é quase momentânea.

Se me perguntarem quais as músicas que mais me atraíram eu destacaria duas, entre muitas outras: Cinderela e Pó de Arroz. São autênticos poemas ao despontar do amor na adolescência e a sua letra e música são de uma beleza, candura e enternecimento ímpares. Por isso e antes de finalizar, vou convidar o Rúben para que lhe dê a alma que elas realmente merecem.

Com mais este precioso contributo da autora deste livro, por certo que o meus caros ouvintes e possíveis leitores poderão ficar a ter uma visão mais abrangente da vida e da obra deste grande músico que se repercutiram nos seus poemas e nas suas músicas.

Finalizo com as palavras de Maria do Deserto, a sua autora: “ A morte é a única certeza na vida. Contudo, quando ela chega, deixa nos que ficam, um profundo sentimento de espanto…”.

Um até já, Carlos Paião.

Muito obrigado a esta ilustre plateia pela gentileza da vossa presença nesta sessão de apresentação e parabéns à autora de “Inspirada na minha Paixão” – Carlos Paião 1957-1988.

Biblioteca Manuel de Boaventura (Esposende),  21/03/2009

Lino Rei

Sessão de apresentação do livro “Inspirada na minha Paixão” – Carlos Paião 1957-1988.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Rui Nova


O CD "Moças do meu país"  (1997) de Rui Nova inclui as faixas "Tributo a Carlos Paião"  e "Tantas canções do Paião (Reprise)".

Rui Nova  era locutor de rádio e foi ajudado pelo amigo Carlos Paião no início de carreira incluíndo com a cedência do playback instrumental para usar nos seus espectáculos. Paião deveria participar no seu primeiro disco que foi lançado em 1989.


http://www.ruinova.com

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Brandit


Brandit

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Fotobiografia

O coração é mais forte do que qualquer memória que se apaga lentamente, nas páginas da nossa existência. Como o sopro que nos envolve de mistério, com o tempo a memória esgota-se na penúria do esquecimento. Esta é uma verdade que acompanha a história da humanidade e como tal, escolhi a voz do coração, para homenagear um grandioso homem e artista português, após 50 anos do seu nascimento, revelando factos, emoções, desafios e aventuras que marcaram a sua breve caminhada neste mundo.

A tentativa de imortalizar a sua imagem e vivência, ainda que aparentemente utópica, é o resultado duma enérgica vontade de reactivar de uma forma profunda, o sentir o outro como parte integrante da nossa existência. Vivemos numa sociedade em que o indivíduo tem dificuldades em se reconhecer a si mesmo, de conhecer aqueles que o rodeiam, desaproveitando a riqueza do contacto humano, negando um altivo lugar às mentes geniais, aos bafejados dum dom quase sobrenatural, que fazem renascer a beleza dum universo perdido. Esta é a dura missão dos que criam os mundos da ilusão, que se entregam à voraz sorte, mas que nunca desistem do fogo de sonho que trazem na alma, tornar a vida mais feliz e o mundo mais justo!
Carlos Paião era um artista inspirado por uma força maior, que colocou a música num pedestal e fez dela a musa guerreira, que ecoava verdades silenciadas na sua inquietude; a arma poderosa que arrebatava as injustiças; o veículo escolhido para rasgar a sua longa caminhada, em busca duma existência mais útil e perfeita! Sendo um comum mortal, com fraquezas inerentes, transcendia essa sua condição com uma arrebatadora paixão pela vida, uma fervorosa vontade de entregar ao universo, tudo o que de mais nobre e altivo florescia em si. O seu cândido sorriso era a revelação sempre presente, duma forma exclusivamente positiva de encarar a vida, como se esta fosse uma dádiva, à qual se pretendia entregar sem limites.
Era um homem tímido e observador, que mantinha de perto a família, pois esta era o pilar do seu equilíbrio. Humilde na forma de ser, nunca se envaideceu pelos múltiplos talentos que detinha ou pelos tributos conquistados. Artista multifacetado, foi inovador na música que escrevia para tantos cantores de renome do nosso país.

Alguém excepcional como Carlos Paião com invulgares qualidades humanas, levou ao mundo o que de melhor se fazia musicalmente em Portugal e infelizmente, não viveu o suficiente para sentir do povo que tanta amava, o reconhecimento merecido. Sabemos que a sua vasta e talentosa obra só conheceu a fama e a glória após a sua morte, quando já não estava entre nós, para deixar brotar a lágrima de felicidade, dum humilde obrigado.

A sociedade dos homens é uma realidade contraditória, que deixa adormecer nas várias lápides do tempo, as vozes que plantaram os sonhos que ainda hoje bebemos. Ainda vamos a tempo de contrariar esta tendência nefasta, pois é em vida que o poeta, o criativo, o artista, o génio deve ver reconhecido o seu valioso contributo para a humanidade. Enquanto a cegueira se recolhe nesta controvérsia, tentamos prestar a homenagem como recompensa da nossa infinita falha.

Esta é a minha missão, exigente mas à qual darei o meu melhor contributo, abraçando a verdade e tentando derrubar qualquer dúvida ou mito criado em torno desta honorável figura portuguesa da 2ª metade do séc. XX.

Maria do Deserto

autora da Fotobiografia sobre Carlos Paião

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Carlos Paião e Fotobiografia de Maria do Deserto

CARLOS PAIÃO

Carlos Paião teve de nascer em Coimbra porque o parto foi de cesariana e englobava algum risco. Viveu em Ílhavo (terra dos pais) até aos 7 anos. Por questões profissionais do Pai foram viver para Lisboa onde estudou.

Era músico autodidacta tendo começado a tocar desde muito cedo. Estudou Medicina em Lisboa tendo acabado o curso por conselho de familiares. Formou-se em 1982/3 mas nunca chegou  a exercer embora tenha feito alguns trabalhos da faculdade no Hospital de Cascais e noutros.

Deixou cerca de 600 canções. A editora chegou a pensar lançar um livro com as letras mas o projecto não seguiu para a frente.

CURIOSIDADES

Várias vezes foi realçada a actualidade das letras na entrevista à Rádio Portugas.

Canta a canção "Vinho do Porto" com Candida Branca-Flor, no Festival da Canção realizado no Porto, porque ela assustou-se com o tamanho da letra. No CD que acompanha a Fotobiografia, da autoria de Maria do Deserto, aparece uma versão instrumental desse tema que foi encontrada pela mãe do cantor numa cassete antiga.


FOTOBIOGRAFIA

A autora diz que Carlos Paião merecia um LIVRO com qualidade. O objectivo principal foi deixar um testemunho do artista. Trata-se de uma obra de luxo em edição limitada. Com o tempo irá tornar-se uma edição mais valiosa e não será reeditada neste formato.

A obra tem 260 fotografias. Muita da informação e fotografias foram recolhidas junto dos Pais do cantor que ainda estão vivos.

A preparação do trabalho durou cerca de 2 anos. Maria do Deserto teve várias situações em que começava a tocar música de Carlos Paião no rádio quando recebia chamadas de familiares do cantor.

Maria do Deserto lançou o repto para que cada vez mais pessoas conheçam a música de Carlos Paião.

[Alguns dados obtidos nas entrevistas de Maria do Deserto à TSF e Rádio Portugas]

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Carlos Paião 'vive!'

Programa Mais Cedo Ou Mais Tarde (TSF) de 27/10/2010

Entrevista a Maria do Deserto sobre a Fotobiografia e sobre Carlos Paião

No Mais Cedo ou Mais Tarde de hoje (27/10) falamos de Carlos Paião - faria anos dentro de dias - que ocupa um lugar especial na memória de muitos de nós. Como aconteceu com muitos outros artistas, ganhou mais prestígio depois de morrer e a sua música é hoje ouvida com outros ouvidos. «Cinderela» será provavelmente uma das grandes músicas da música portuguesa.

Muitas das músicas que Herman José popularizou são deste médico, falecido aos 31 anos, num acidente de automóvel.

 No final de 2009 foi lançada uma fotobiografia de Carlos Paião e sua autora, Maria do Deserto, é a nossa convidada.

Ouvir a emissão

http://www.tsf.pt/PaginaInicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1698364

(mais sobre a autora)

Blogue do programa

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Estou Velho

Estou velho
Tão velho
Olho p'ra ti como um espelho
Vejo a vida passada

Estou velho
Mas valho
Muito mais do que alguns jovens
Que dizem ser homens e não fazem nada

Estou velho
Mas disfarço muito bem
Tão velho
Não vás contar a ninguém

Nem tudo acabou
Do que eu fui e não sou
O homem ficou
Ai, ficou, sim, ficou

Ai vida
Que vida
Eu ponho o dedo na ferida
Logo começa a doer

Estou velho
Casmurro
Só teimo no que percebo
E sei o que devo e não devo dizer

Estou velho
Mas disfarço muito bem
Tão velho
Não vás contar a ninguém

Nem tudo acabou
Do que eu fui e não sou
O homem ficou
Ai, ficou, sim, ficou

La la la...

Nem tudo acabou
Do que eu fui e não sou
O homem ficou
Ai, ficou, sim, ficou

Estou velho
Mas disfarço muito bem
Tão velho
Não vás contar a ninguém

Nem tudo acabou
Do que eu fui e não sou
O homem ficou
Ai, ficou, sim, ficou

Título: Estou velho

Intérprete: Nuno da Câmara Pereira
Álbum: Mar português
Ano: 1986

ver video em http://oblogdoanao.blogs.sapo.pt/39360.html

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Octávio de Matos

Octávio de Matos era o convidado especial da peça "O Escabeche" com música de Carlos Paião.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Recordar Carlos Paião em Cascais


Exposição patente, até 13 de Março de 2011, no Espaço Memória do Teatro Experimental de Cascais

O Espaço Memória do Teatro Experimental de Cascais (TEC) tem patente, até 13 de Março de 2011, uma exposição dedicada a Carlos Paião, que conta com recordações inéditas cedidas pelos pais, familiares e amigos do cantor que morreu em 1988. Inaugurada no passado dia 8 de Dezembro, com a presença dos pais, a exposição “Carlos Paião, Compositor e Intérprete” é composta por várias fotografias em momentos da infância, ambiente familiar e em espectáculos. A par das imagens, ainda é possível ver o piano e a viola com os quais Carlos Paião criou alguns dos seus maiores sucessos.

A inauguração contou com uma interpretação de alguns temas de Carlos Paião pelos alunos da Escola de Teatro e foi aproveitada também para a entrega do “Prémio Carlos Paião”, instituído pelo TEC, a Rui Veloso, pelos seus 30 anos de carreira, e a Herman José, por ser “um grande divulgador do trabalho de Carlos Paião”. João Vasco, professor da Escola de Teatro de Cascais e organizador da exposição, salientou que “Rui Veloso é um intérprete notável e muito humano. Este prémio é pelos seus 30 anos de actividade e pela sua brilhante vida artística”.

Na ocasião, Rui Veloso aproveitou para contar “uma pequena história”: “Em 1979, na Rua Nova de Almada, havia uma sala com um piano. Em miúdo fui para a sala de espera e estava um miúdo ao piano que era o Carlos. Conhecemo-nos ali. Depois ficámos amigos e eu fiquei fã dele, foi um compositor muito profícuo e popular, com canções à Beatles, como o Pó de Arroz”. Herman José foi outro dos premiados distinguidos com uma peça do escultor de Sintra, Moisés. O humorista e apresentador não esteve presente para receber o prémio, mas deu o seu testemunho. “O Carlos Paião mantém-se mesmo depois da sua morte física. Meu companheiro de espectáculos ao vivo. Enquanto eu viver não há passagem de tempo que lhe apague a memória”, salientou. Na inauguração da exposição, esteve também presente o presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, que realçou que Carlos Paião, “além de ser um grande cantor e músico, era um homem de grande mérito que deixa uma grande saudade”.

Jornal da Região