quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Há Vida Depois da Morte

Na sua aparente fragilidade ele foi mais forte do que a morte, que não jogou limpo e perdeu, porque ele ficará sempre vivo na memória dos que o conheceram e admiraram".

A frase pertence a Mário Martins que em 1978 descobriu Carlos Paião, para muitos um dos melhores compositores portugueses da segunda metade do século XX, o homem do "Play-Back", das "Trocas e Baldrocas", do "Pó de Arroz" e dos "Versos de Amor", capaz, como (muito) poucos, de escrever, num dia uma canção para Herman José e no seguinte uma outra para Amália Rodrigues, sempre com o mesmo invulgar sentido melódico e de domínio da língua portuguesa.

Carlos Paião desapareceu num trágico acidente de viação, aos 31 anos, ironicamente esmagado pela aparelhagem e pelas colunas de som que transportava no carro, faz hoje precisamente 15 anos, um dia depois do não menos trágico incêndio do Chiado.

Nessa mesma tarde em que tudo aconteceu Amália Rodrigues definia, com simplicidade, emocionada, à agência Lusa, o autor de "O Senhor ExtraTerrestre", fado que gravara seis anos antes: "Ele era uma pessoa cheia de talento e de vida".

Qualidades invulgares

E pouco mais (que já é muito) haverá para recordar ainda hoje senão o talento e a alegria de viver daquele que, na opinião de David Ferreira, director-geral da sua editora, a EMI-Valentim de Carvalho, "sempre revelou uma invulgar mistura de talentos artísticos e qualidades humanas".

Para aquele responsável "há muito poucos letristas na música popular portuguesa tão bons como Carlos Paião" e acrescenta: "Se me pedissem seis ou sete nomes de escritores de canções que os mais novos deveriam estudar não hesitaria em referir o Carlos", diz.

No dia 26 de Agosto de 1988, a actriz Magda Cardoso, que participara no júri do concurso "Com Pés e Cabeça" juntamente com Carlos Paião, confrontada com a morte do cantor, afirmava, por seu turno, que jamais deixaria de ser sua amiga. “As pessoas desaparecem mas não morrem no nosso coração". E assim tem sido. Desde sempre. Carlos Paião continua bem presente na memória colectiva de um País que cedo se deixou render a canções como "Play-Back", "Souvenir de Portugal", "Marcha do Pião das Nicas", "Prás Sogras que Encontrei na Vida", "Cinderela", "Vinho do Porto" e "Pó de Arroz".

Ironia do destino, ou não, o facto é que Carlos Paião vendeu mais depois da sua morte do que em vida. Curiosamente, hoje chamam--no artista, o rótulo ao qual sempre fugiu. Segundo dados da Associação Fonográfica Portuguesa a verdade é que os principais galardões de Carlos Paião datam dos anos posteriores a 88. Antes disso só mesmo o single "Play--Back" havia atingido a marca da prata e do ouro. Tudo o mais veio depois da sua morte, nomeadamente em 89 com o single "Quando as Nuvens Chorarem" - prata (20 mil cópias) e ouro (30 mil), em 90 com o álbum "Intervalo" - prata, em 91 e 92 com "O Melhor de Carlos Paião" - prata e ouro respectivamente, e, já este ano, "Letra e Música 15 anos depois" - prata e ouro.

“Hoje seria brilhante”

Gravado por nomes tão diferentes como Herman José, Dina, Cândida Branca Flor, Amália Rodrigues, Nuno da Câmara Pereira, Trio Odemira, Octávio de Matos e Joel Branco, Carlos Paião talvez nunca tenha recebido em vida o mérito que merecia, mas hoje o seu talento é reconhecido por todos.

"Como intérprete, acho que o Carlos nunca vendeu na medida do talento que tinha, mas devo dizer que, como autor e compositor, era ainda muito superior e a melhor homenagem que hoje lhe posso prestar é não fugir à verdade", declara Tozé Brito, Administrador da Universal Music Portugal, que conheceu Carlos Paião quando este escreveu a "Canção do Beijinho" para Herman José, então artista da Polygram. "Foi na escrita que ele foi totalmente inovador. Se hoje fosse vivo não tenho dúvida de que seria um dos compositores mais requisitados. Seria brilhante".

A propósito, David Ferreira recorda a prontidão e a rapidez com que Carlos sempre escreveu, simplesmente com talento, e lembra um episódio. "Uma sexta-feira pedimos-lhe um hino não oficial para a participação portuguesa no México 86 e na segunda-feira seguinte ele apareceu com o 'Bamos lá Cambada', que é talvez o melhor que já tivemos no futebol", confessa o administrador da EMI que, ainda hoje se emociona quando pensa no dia 26 de Agosto de 1988.

"Nesse dia houve uma rádio que me ligou a pedir-me um depoimento e eu lembro-me de que, no meio da entrevista, tive de parar para chorar a morte de um homem que sempre me fizera sorrir".

TOZÉ BRITO: NUNCA O VI MAL COM A VIDA

“Ele tinha uma alegria de viver muito grande. Não me lembro de ter visto o Carlos Paião mal disposto uma única vez. Nunca o vi de mal com a vida. Era uma pessoa extremamente positiva. Como músico era brilhante e a sua morte foi uma das maiores perdas para a música pop. Pouca gente escreveu para a Amália Rodrigues, e ele fê-lo. Recordo-me daquele dia bem de mais. Ouvi a notícia da sua morte quando ia na estrada. Estava na ressaca dos meus anos (o meu aniversário é a 25) e só pensei que podia acontecer-me a mim”.

NUNO DA CÂMARA DE PEREIRA: ESCREVIA COM NINGUÉM

“Fiz vários espectáculos com o Carlos Paião e por várias vezes partilhámos o mesmo palco. Era uma pessoa extremamente dedicada à família e chegava a levar os pais para os espectáculos. O Carlos era um grande compositor, que sabia escrever como ninguém e dominava até o vocabulário mais popular. Dele gravei os temas originais ‘Não Cantes Esse Fado’ e ‘A Marcha do Castelo’. Na altura da sua morte, o Carlos era o artista com quem mais convivia. Naquele dia achei que tinha morrido um ‘puto’. Foi um choque”.

ANA BOLA: MUITO ORIGINAIS

“Guardo as melhores memórias do Carlos Paião. Curiosamente, era uma pessoa muito tímida, mas observadora. O que me lembro dele é que era uma pessoa muito bem educada e muito bem formada. Fiz parte do coro do ‘Play-Back’ e nesse ano ganhámos o Festival da Canção. Foi uma experiência muito engraçada porque o Carlos tinha acabado de se casar e foi de lua-de-mel para o Festival da Eurovisão. Hoje, acho que se deve recordar a sua obra profissional porque fez na música ligeira algo de muito original”.

Miguel Azevedo / Correio da Manhã - 26/08/2003

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Peter Petersen


Peter Petersen era um dos elementos do coro da canção "Playback". Lançou alguns singles tendo contado com a colaboração de Carlos Paião que era seu vizinho.

Tarde Demais/Olá Lisboa - Peter Petersen (Single, VC, 1982) - (letras de carlos paião e música de Shegundo Galarza)


- Com "Tarde Demais" participou no 1º Festival da Canção da Rádio Comercial (1981).

- Também participou no Festival da Canção do Illiabum (Ílhavo).

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Piano Bar

Tema interpretado ao vivo no programa "Piano Bar" da autoria de Simone de Oliveira.

http://opodearroz.blogspot.com/2009/02/imagina.html

ver o video

http://www.youtube.com/watch?v=O6NlseFyPpc

"Artista Reformado"

Provavelmente é o tema que Mário Martins queria que Nicolau Breyner gravasse e que Simone também pensou em gravar.